Diva Moreira
BrasilAshoka Fellow desde 1989

Diva Moreira, uma pesquisadora e escritora de 43 anos sobre temas negros, construiu uma organização de base que está ajudando os afro-brasileiros na terceira cidade do Brasil e cada vez mais nacionalmente a reconhecer e conhecer sua herança.

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A Pessoa

A Diva Moreira, hoje com 43 anos, nasceu e foi criada em Belo Horizonte. Em 1967, ela se tornou um dos 1% de negros brasileiros que frequentam a universidade, ganhando um B.A. em jornalismo em 1970 e uma pós-graduação em ciência política em 1973. Como uma jovem mulher, o ativismo de Diva em grupos de jovens católicos e trabalho comunitário levou a um interesse apaixonado por questões de direitos humanos, especialmente quando estas envolviam mulheres, negros e o movimento trabalhista. De 1975 a 1988, ela trabalhou em uma agência governamental responsável por pesquisas sociais e culturais, liderando diversos projetos nas áreas de saúde pública, direitos humanos, racismo e mulheres negras. Ao mesmo tempo, ela se envolveu ativamente no trabalho da vizinhança, fundou um grupo de estudos sobre mulheres e atuou duas vezes no conselho consultivo da agência onde trabalhava. Desde 1983, Diva publica artigos em jornais, ensaios e livros sobre os direitos dos pacientes de hospitais públicos, cultura afro-brasileira, discriminação contra a mulher negra e o significado da abolição. Ela é muito respeitada e frequentemente solicitada por escolas, universidades, grupos de bairro e mídia para comentar a questão racial no Brasil.

A Nova Idéia

Diva acredita que educando negros de todas as idades - crianças, adultos e idosos - essas tendências negativas podem ser combatidas. Ela fundou a Casa Dandara na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, com a esperança de que ferramentas culturais pudessem ser utilizadas para dar aos negros um senso de identidade, orgulho de sua cultura, autoestima, qualidades de liderança e, por fim, o desejo de exigir seus direitos de cidadania.Casa Dandara desenvolve programas que atendem a todos os segmentos da população negra. Diva agora supervisiona um projeto com crianças e adolescentes negros que visa ensiná-los sobre a cultura afro-brasileira e fazer com que tenham orgulho de sua herança para que não internalizem o racismo como muitos de seus pais fizeram. O trabalho com as crianças continua. duas frentes. Em primeiro lugar, quando as aulas terminam em uma escola localizada em uma das áreas mais pobres da cidade, os monitores da Casa Dandara ajudam as crianças com dificuldades de aprendizagem nos deveres de casa. Em seguida, eles conduzem uma série de atividades que mostram as tradições afro-brasileiras através do teatro, dança, música e arte. As crianças que participam do programa já começaram a ter um desempenho cada vez melhor na escola. O segundo conjunto de atividades acontece na própria Casa Dandara, aos sábados, quando crianças de Belo Horizonte e comunidades vizinhas vêm aprender sobre as tradições afro-brasileiras por meio da participação em grupos de música e teatro. Diva também gostaria de começar um coral e aulas de arte. Para adultos, a Casa Dandara organiza fins de semana de estudo mensais para homens e mulheres em torno de temas como "O Significado da Abolição", "África Pré-Colonial", "A Mulher Negra" e “Socialização da Criança Negra”. Dois especialistas em cada área são convidados a falar, após o que a classe se divide em grupos de discussão menores. Na hora do almoço, são servidas comidas afro-brasileiras, seguidas de uma apresentação cultural como capoeira, teatro ou dança africana. A importância simbólica e a abordagem educacional da Casa Dandara conquistaram seu reconhecimento em todo o Brasil. A Câmara está começando a espalhar sua mensagem entre as organizações negras em todo o país, por exemplo, distribuindo calendários do tamanho de pôsteres que listam datas importantes na história negra nacionalmente e também falando com frequência em reuniões e encontros do movimento negro.

O problema

Trazer à tona as questões do preconceito e discriminação racial no Brasil é um assunto delicado, uma vez que historicamente o Brasil se considerou uma democracia racial. À primeira vista, tal descrição pode parecer verdadeira. Ao contrário dos Estados Unidos e da África do Sul, as tensões raciais e a violência aberta ou políticas de discriminação não são imediatamente visíveis no Brasil. No entanto, uma realidade diferente emerge quando consideramos as estatísticas. O Brasil perde apenas para a Nigéria em termos de população negra, com 44% dos brasileiros sendo descendentes de africanos. Mesmo assim, os trabalhadores negros no Brasil recebem entre 50 e 80% menos salários por realizarem as mesmas tarefas que os brancos. Um grande contingente da população negra economicamente ativa recebe apenas um salário mínimo ($ _____ por mês). Em cada grupo de 100 crianças negras, 42 não podem frequentar a escola (a proporção para o resto da população é de 15 em 100). Apenas 1% de todos os negros entram na universidade. As mentalidades europeias brancas permeiam o sistema educacional, e a mídia e o governo perpetuam programas e estereótipos que negam a importância da tradição afro-brasileira na cultura e história brasileiras. O governo não considera o racismo uma questão prioritária, e mesmo segmentos progressistas da sociedade afirmam que os negros são impedidos por fatores econômicos, ao invés de raciais. Embora limitados pela complexidade da questão racial e pela falta de liberdade política no Brasil sobre o Nos últimos 25 anos, o movimento negro brasileiro, que surgiu pela primeira vez na década de 1930, foi recentemente responsável por uma crescente consciência dos problemas raciais. No entanto, embora o movimento negro tenha ganhado força junto com outros movimentos sociais emergentes após o retorno do governo civil (por exemplo, ecologistas, mulheres, índios), vários obstáculos para seu desenvolvimento permanecem. Primeiro, o movimento tradicionalmente tem obtido seu apoio cultural e organizações religiosas que variam em estilo e força de região para região; assim, o movimento não tem identidade ou unidade nacional. Em segundo lugar, o movimento foi dominado por elites cujo discurso, objetivos e instituições pouco têm a oferecer aos negros pobres. Terceiro, até recentemente poucas organizações se concentravam em questões de direitos civis. Como resultado, o movimento é fragmentado e desorganizado e a maioria dos negros é forçada a enfrentar sozinha os problemas psicossociais decorrentes de conviver com a discriminação de fato em uma suposta democracia racial.

A Estratégia

Diva planeja expandir sua Casa, tanto multiplicando diretamente seu trabalho em Belo Horizonte quanto incentivando outras pessoas em todo o país a estabelecer suas próprias Casas em todo o país. Seu estado natal, Minas Gerais, é um dos maiores do Brasil. Ele também tem uma das maiores populações afro-brasileiras do país. No entanto, esse grupo-chave é menos organizado do que nos outros estados principais. Isso torna a construção do impacto da Casa Dandara na capital, Belo Horizonte, especialmente importante. Esse impacto vai além dos serviços diretos da Casa. É um ponto focal e catalisador na comunidade afro-brasileira. Assim, por exemplo, contribuiu para a criação de uma organização para melhor reconhecer os grupos religiosos afro-brasileiros na cidade. Diva começou a Casa em sua própria casa. Agora precisa de um espaço maior, e Diva começou a trabalhar em um novo prédio. A prefeitura de Belo Horizonte concordou em doar um terreno bem localizado e está começando a arrecadar recursos agora. A Casa Dandara continuará ajudando os negros a descobrirem seus direitos e patrimônio por meio de atividades culturais para todas as idades. A Diva espera aprimorar o trabalho com os escolares com a realização de cursos de capacitação para monitores. A Diva planeja divulgar a ideia da Casa Dandara em outros bairros e cidades por meio de palestras, aparições na mídia e publicação de folhetos descritivos para distribuição nas ruas. Sua esperança de ver novas filiais da Casa Dandara criadas por negros em suas próprias comunidades já começou a se materializar. Organizações negras em várias cidades vizinhas replicaram os cursos para adultos e o trabalho com crianças em idade escolar. O sonho da Diva é ver todos esses esforços se fundirem na formação de uma rede nacional de casas Casa Dandara.