Teresa Zorrilla Palomar
MéxicoAshoka Fellow desde 1990

Teresa Zorrilla criou uma rede nacional de projetos de saúde indígena com o objetivo de fornecer treinamento e avaliação para promotores de saúde de diferentes origens étnicas.

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A Pessoa

Teresa Zorrilla se interessou pela medicina social quando, no ensino médio, organizou um grupo de colegas para trabalhar em uma cooperativa de pescadores. Foi então que percebeu a falta de serviços médicos nas comunidades rurais e a necessidade deles. No posto médico, ela abriu um jornal e coordenou um plano de atendimento médico às comunidades camponesas. A experiência formativa de Zorrilla na área da medicina indígena veio quando ela trabalhou como Diretora do Hospital Tarahumara na Serra de Chihuahua de 1984-6. Foi depois desses dois anos que ela decidiu organizar um curso especial sobre o problema da saúde materna e nutrição infantil no Instituto de Pediatria da Cidade do México, fazendo com que eles renunciassem a taxas e obtendo apoio financeiro de familiares e amigos. No entanto, quando Zorrilla quis voltar para Chihuahua, ela descobriu que enfrentava hostilidade na forma de machismo. "Nenhuma mulher quer ir trabalhar com os Tarahumaras", disseram-lhe. Foi então que Zorrilla começou a trabalhar no programa Saúde nas Mãos do Povo. Isso lhe trouxe reconhecimento pessoal e profissional em todo o México.

A Nova Idéia

O programa de Zorrilla, denominado Saúde nas Mãos do Povo, em espanhol 'Salud en Manos del Pueblo', atinge grupos indígenas de todo o México, principalmente dos estados de Hidalgo, Chihuahua, Michoacan, Veracruz, Oaxaca e Puebla, onde Nahuatl , Vivem índios Tarahumara, Purepecha, Mixe, Totonac, Zapotec e Otomie. Sua preocupação básica é reunir grupos isolados para treinamento e avaliação por meio de oficinas comunitárias, regionais e nacionais que tratem de diferentes aspectos da atenção à saúde.

O problema

As regiões indígenas do México são as mais isoladas do país. Historicamente, e por razões de defesa cultural, os grupos étnicos mexicanos foram empurrados cada vez mais para o terreno mais inacessível. O isolamento social e geográfico, entretanto, também os deixou à margem dos serviços de educação e saúde. E sua pobreza devastadora prejudicou os padrões nutricionais e de saúde. A insuficiência dos serviços públicos de saúde, aliás, fez com que, embora os padrões de saúde sejam baixos nessas comunidades com alta incidência de mortalidade infantil, parasitose, desnutrição e tuberculose, são ao mesmo tempo as que menos têm acesso a cuidados médicos. E embora existam curandeiros tradicionais ou 'curanderos', eles não entendem a medicina moderna e freqüentemente injetam vitaminas e antibióticos em pessoas com doenças crônicas. No entanto, eles têm uma compreensão empírica de plantas medicinais que podem ser sistematizadas para o benefício das comunidades. Nos últimos anos, muitos pequenos grupos de promotores de saúde foram formados nas regiões indígenas. Porém, diante do isolamento e da falta de conhecimento médico, o que precisam é aproveitar a experiência alheia e explicar e sistematizar a sua. Essa é a lacuna que Zorrilla espera preencher.

A Estratégia

A Saúde nas Mãos do Povo surgiu da demanda por capacitação dos grupos locais de saúde participantes do Movimento Nacional pela Saúde Popular. A estratégia de Zorrilla é uma resposta a essa demanda, pois foram os grupos indígenas os mais ativos na solicitação de educação em saúde. Zorrilla usa um método comum ao movimento de educação popular na América Latina. Existem três vertentes básicas para esta abordagem; em primeiro lugar, a pesquisa participativa: são as comunidades e os promotores de saúde que analisam seus problemas comuns como parte do próprio processo educativo e fornecem o núcleo básico de informações para iniciar a construção de um serviço de saúde; em segundo lugar, a autoavaliação: através do sistema de intercâmbio e apoio que ela está estabelecendo, Zorrilla espera que os grupos avaliem seus próprios sucessos e fracassos e aprendam com os outros sobre como melhorar seus serviços. A terceira vertente é o que ela chama de “tecnologia apropriada”: neste contexto, a junção e integração de diferentes elementos da medicina tradicional e moderna de uma forma definida por cada grupo de saúde.