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Wagner Gomes criou uma iniciativa de desenvolvimento que une estudantes de áreas rurais com agricultores pobres do Nordeste do Brasil para colaborar entre si e aumentar sua produtividade.
Filho de dois fazendeiros de longa data, Wagner nasceu em Monte Alverne, uma pequena comunidade rural de 40 famílias localizada no semi-árido cearense. Durante a infância e adolescência, sua única perspectiva de futuro era preservar e dar continuidade ao trabalho dos pais, cultivando a terra com os irmãos. No entanto, seus pais sempre valorizaram a educação, e Wagner percebeu que outro caminho era possível. Em 2002, Wagner concluiu o ensino médio e aspirava a frequentar a universidade, mas devido a problemas econômicos, ele teve que adiar seu sonho. Nesse ínterim, ele encontrou o apoio do Programa Educacional em Grupo (PRECE), um movimento educacional e social liderado pelo bolsista Ashoka Manoel Andrade que apóia as tentativas dos jovens de obter educação superior. Mais valioso do que os recursos, porém, o programa mostrou a Wagner o poder das cooperativas e de jovens como ele se aglutinando em redes para promover o desenvolvimento em suas comunidades rurais. Wagner continuou envolvido com o PRECE mesmo depois de ingressar no Departamento de Economia da Universidade Federal do Ceará. Por fim, ele foi encarregado das funções administrativas da organização. Durante seu trabalho no PRECE, Wagner decidiu dedicar sua vida à melhoria das condições sociais e econômicas das comunidades rurais. Ele foi especialmente motivado por uma contradição que observou na universidade; como os alunos adotaram conceitos modernos de desenvolvimento agrícola na escola, mas, ao mesmo tempo, lutaram com os desafios tradicionais de viver em comunidades rurais. Com apenas 25 anos, Wagner reuniu outros jovens colegas para fundar a ADEL como forma de reconciliar essa inconsistência. Em apenas alguns anos, a organização de Wagner foi reconhecida por sua inovação e resultados na agricultura. Em 2010, a ADEL conquistou o segundo lugar no Prêmio Rosani Cunha de Inovação Social, do Ministério do Desenvolvimento Social, e Wagner foi homenageado como Futuro Empreendedor Social do Ano pelo jornal Folha de São Paulo em parceria com a Fundação Schwab. Em fevereiro de 2011, ele também recebeu o Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Social, da prestigiosa Fundação Getúlio Vargas, que reconhece iniciativas inovadoras que abordam questões socioambientais sustentáveis. Esses prêmios legitimam ainda mais o trabalho de Wagner em reunir agricultores e estudantes para divulgar técnicas agrícolas avançadas, formar novas alianças e cultivar uma nova geração de empreendedores rurais.
Ao reunir recém-formados em educação rural com pequenos agricultores no semi-árido do Nordeste do Brasil, a Agência de Desenvolvimento Econômico Local (ADEL) de Wagner está dando aos agricultores pobres a assistência técnica necessária para melhorar sua produtividade e comercializar seus produtos. Como resultado de seus esforços, os agricultores desta região estão trabalhando juntos para compartilhar ideias e vender melhor suas safras nos mercados locais e regionais a preços mais elevados, gerando assim maior renda para melhorar sua qualidade de vida. A ADEL é formada por jovens de vilas rurais que tiveram a oportunidade de adquirir conhecimentos modernos em áreas relevantes que complementam os seus saberes tradicionais da quinta. Junto com os produtores rurais, eles elaboram diagnósticos locais para identificar as táticas de comercialização mais viáveis, estimular a formação de associações de agricultores, dar suporte técnico e ajudar a construir melhores sistemas de colheita e comercialização. Como os graduados viveram em comunidades agrícolas rurais, eles têm maior sensibilidade às necessidades específicas dos agricultores e podem ganhar a confiança dos agricultores mais velhos. Ao mesmo tempo, eles aprimoram seus conhecimentos práticos de produção agrícola e técnicas de comercialização, aprendendo com agricultores experientes. Comprometido em promover o desenvolvimento do setor agrícola, Wagner instituiu recentemente novas iniciativas para ajudar os jovens que decidem permanecer em suas comunidades a se tornarem empresários rurais de sucesso. Além de facilitar seu treinamento, Wagner está reunindo agricultores pela primeira vez para aumentar sua produção e vendas de forma concertada. A ADEL ajuda a uni-los em redes de produtores, o que permite aos agricultores alinhar estratégias e compartilhar recursos de uma forma nunca vista no semi-árido. Essas redes também servem para alavancar melhor os laços externos com os setores público e privado. Na aliança mais crítica da ADEL, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) agora fornece aos agricultores maior acesso ao crédito e assistência na negociação da dívida. Essas relações são fundamentais para Wagner em seus planos de impacto de longo prazo, à medida que ele se expande para mais comunidades de agricultores e implementa novas iniciativas para jovens agricultores. Wagner espera que a ADEL se torne um modelo replicável, fortalecendo a capacidade dos agricultores e incentivando o empreendedorismo jovem rural no Nordeste do Brasil e além.
Na enorme região semi-árida do Nordeste do Brasil, a agricultura familiar é a principal atividade econômica, mas infelizmente a renda per capita dessa população é de US $ 45 por mês, bem abaixo do nível de pobreza. A falta de água subterrânea e os longos períodos de seca, combinados com uma histórica negação dos direitos humanos básicos, deixam essa população com oportunidades muito restritas de viver com dignidade. Educação relevante na agricultura moderna também não está disponível e, como resultado, muitos pequenos agricultores ainda empregam técnicas primitivas e inadequadas na produção e venda de safras. Na maioria dos casos, eles ocupam apenas os estágios iniciais das cadeias de suprimentos agrícolas; as colheitas excedentes são vendidas principalmente para mercados ou distribuidores locais, que acabam colhendo uma grande parte dos lucros. Não há educação relevante na agricultura moderna e, como resultado, muitos pequenos agricultores ainda empregam técnicas primitivas e inadequadas na produção e venda de safras. Na maioria dos casos, eles ocupam apenas os estágios iniciais das cadeias de suprimentos agrícolas; as colheitas excedentes são vendidas principalmente para mercados ou distribuidores locais, que acabam colhendo uma grande parte dos lucros. Combinados com o acesso restrito ao crédito, os obstáculos enfrentados pelos pequenos agricultores devido à falta de conhecimentos técnicos os impedem de alcançar a viabilidade econômica. Eles carecem de treinamento especializado e assistência técnica sustentada na produção agrícola, comercialização e distribuição de produtos. Eles também raramente se envolvem em alianças frutíferas com outros agricultores. Os pequenos agricultores poderiam realmente ganhar mais renda formando arranjos colaborativos para processar e comercializar seus produtos, mas sem uma cultura de cooperação, não há vontade de trocar ideias. Esta é uma questão especialmente difícil na região semi-árida, onde os agricultores podem se beneficiar das práticas de compartilhamento para superar os fatores geográficos e climáticos que afetam suas colheitas. Infelizmente, sem esse apoio ou conhecimento, os pequenos agricultores não sabem como reduzir custos, aumentar sua eficiência ou adotar novos equipamentos modernos. Crescendo nesse ambiente, as gerações mais jovens da maioria dos agricultores do Nordeste têm perspectivas especialmente sombrias para seu futuro. Muitas crianças acabam migrando para as cidades, carregadas de perigos e incógnitas, em busca de uma vida digna, em vez de ficar na fazenda de sua família. Infelizmente para essas comunidades rurais, os jovens são talentosos e importantes ativos para uma região que precisa se adaptar às novas tendências e tecnologias. Embora os jovens muitas vezes ainda tenham a chance de inovar e desenvolver soluções criativas para os problemas de suas famílias, em geral seu potencial é subutilizado.
Wagner liderou um grupo de jovens do semi-árido para fundar a ADEL em 2007 com o objetivo de promover uma vida melhor para os pequenos agricultores. Aproveitando as próprias experiências crescendo neste ambiente e posteriormente concluindo o ensino superior e se especializando em diversas áreas, esses jovens estabeleceram um modelo de desenvolvimento agrícola. Eles introduzem novos conhecimentos, combinam-nos com as práticas agrícolas tradicionais, formam novas associações de produtores para compartilhar experiências e implementá-las em conjunto. Wagner organizou a ADEL em três programas distintos que oferecem separadamente capacitação e assessoria, criam parcerias cooperativas entre agricultores e preparam jovens empreendedores rurais para a liderança nos setores agrícolas. O Programa Josué de Castro é o núcleo dos programas da ADEL para desenvolver as habilidades dos agricultores. Ao identificar uma comunidade a partir de sua própria compreensão das áreas agrícolas no semi-árido, a equipe de graduados estuda primeiro suas necessidades e condições particulares. Os membros da ADEL irão compilar um diagnóstico socioeconômico de habilidades, limitações e capacidade potencial de colheita. Isso também inclui uma avaliação das estruturas de governança existentes. A partir dessa avaliação, a equipe da ADEL e os agricultores elaboram um plano de treinamento para melhorar três áreas: Habilidades técnicas e de gestão, habilidades de colaboração e infraestrutura para arranjos produtivos. Equipada com este esquema, a ADEL intervém na formação técnica e administrativa dos pequenos agricultores e suas famílias, dando especial atenção aos jovens e às mulheres. Além de fornecer treinamento, Wagner e ADEL estão conectando os agricultores entre si para aumentar sua capacidade por meio da cooperação. Juntos, os agricultores aprendem a compartilhar conhecimentos e descobrir como comercializar seus produtos de forma mais eficaz. A ADEL também ensina os agricultores sobre as estruturas de governança comunitária e gestão de grupo. As intervenções diretas da ADEL duram cerca de três meses, mas para garantir um impacto sustentado, a ADEL continua a ser um membro contribuinte para as associações de agricultores. A assistência contínua da ADEL ajuda a criar um ambiente para a implementação sustentável de ferramentas e habilidades adquiridas nas fases anteriores. Wagner e seus associados também envolvem grupos de agricultores em seu segundo projeto, o Programa de Criação de Redes Territoriais. Isso complementa os módulos de assessoria técnica porque tem um alcance geográfico mais amplo, o que permite ajudar grupos de agricultores - pré-existentes ou criados com o apoio da ADEL - a criar redes de pequenos produtores em locais distintos. A amplitude e o escopo maiores dessas coalizões também lhes dão influência no nível de políticas públicas. Com o objetivo de formar redes sustentáveis e produtivas, a equipe da ADEL organiza fóruns regionais para trocar informações entre os agricultores e ajudá-los a estabelecer estratégias coletivas de produção e comercialização de suas safras. Também estão presentes nesses fóruns agências de desenvolvimento local, políticos locais e regionais, bancos e distribuidores em potencial; portanto, a participação no fórum torna-se especialmente atraente para os agricultores como uma forma de interagir com diferentes atores institucionais que poderiam beneficiar sua produção agrícola. A ADEL atua como elo entre pequenos produtores, investidores em potencial e formuladores de políticas, possibilitando relações que, de outra forma, estariam indisponíveis para os pequenos agricultores. O BNB é um parceiro financeiro vital para a ADEL e suas comunidades agrícolas. O banco investe nos programas de treinamento e apoio da organização e, em seguida, repassa recursos às associações e cooperativas de agricultores para que contratem a ADEL para dar suporte técnico contínuo. O BNB reconhece que a ADEL está empenhada em impulsionar receitas e oportunidades para o desenvolvimento da região, além de permitir que os agricultores paguem suas dívidas. O modelo de viabilidade financeira da ADEL está sendo reproduzido com vários outros parceiros que desejam investir em pequenos negócios rurais com potencial de viabilidade de longo prazo. No geral, cerca de US $ 5,4 milhões do banco chegaram aos agricultores por meio da ADEL; distribuído como apoio à assistência técnica e crédito para melhoria das operações agrícolas. Mais de 600 agricultores de 72 comunidades foram beneficiados com o trabalho da ADEL no estado do Ceará. Esses agricultores formaram cerca de 70 entidades coletivas diferentes que podem fazer parceria com atores externos, como o BNB, e aumentar a produtividade e a qualidade da produção. Além disso, alguns agricultores apoiados pela ADEL formaram quatro diferentes empresas agroindustriais certificadas que estão vendendo produtos em todo o país. Para trazer as gerações mais jovens para as iniciativas agrícolas de sua organização, Wagner lançou recentemente o Programa de Empreendedorismo para Jovens Rurais, que incentiva os jovens que gostariam de permanecer na região semi-árida em vez de frequentar a universidade ou migrar para as cidades. O programa identifica potenciais líderes por meio de um processo seletivo de jovens candidatos em uma determinada comunidade e os treina para se tornarem agentes de desenvolvimento local, inicialmente no trabalho de suas famílias. Por meio de seus cursos, os participantes se conscientizam das oportunidades atuais na agricultura e começam a traçar objetivos comunitários, como o desenvolvimento de microempresas. Eles se tornam pontos de referência e modelos de sucesso. Ao mesmo tempo, os produtores mais velhos compartilham suas experiências, fomentando um diálogo intergeracional que produz soluções inovadoras para os pequenos proprietários e serve para completar o ciclo de feedback positivo para os jovens assistentes do Programa Josué de Castro. Hoje, oitenta jovens trabalham nos processos de organização de associações, cooperativas e feiras e pelo menos vinte e cinco estão difundindo ativamente técnicas de produção agroecológica nas comunidades. Olhando para o futuro, Wagner e seus associados da ADEL planejam abrir novos programas que podem ampliar e aprofundar o impacto de sua estrutura existente. Por exemplo, ele quer levar o Programa de Empreendedorismo Juvenil Rural a mais comunidades, aproveitando o apoio financeiro de um instituto privado para lançar um Núcleo do Jovem Empreendedor Rural. Depois de sistematizar sua metodologia, a equipe da ADEL prevê lançar seus trabalhos também em outros estados brasileiros. Tais esforços de expansão contarão com as afiliações externas que a ADEL e os fóruns da comunidade têm negociado, especialmente com o BNB. Com as redes de agricultores, Wagner criou alianças robustas e poderosas que estão prontas para serem replicadas na região semiárida.