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Priscila Gonsales
BrasilAshoka Fellow desde 2013

Priscila Gonsales está transformando a experiência em sala de aula de professores e alunos do ensino fundamental e médio, revitalizando e personalizando os recursos pedagógicos existentes para refletir as realidades e necessidades dos diversos alunos do Brasil. Priscila ajuda educadores e alunos a se verem como produtores de conteúdo, não apenas consumidores de informação, ao mesmo tempo que introduz novos modelos de formação de professores e produção de livros didáticos em âmbito nacional.

#Educação / Aprendizagem#Crianças e Jovens#Pedagogia#Publicação#Escola#Professor#Educação#História da educação#Educação nos Estados Unidos#Psicologia Educacional

A Pessoa

Ainda adolescente, Priscila decidiu se tornar jornalista como uma forma de vivenciar outras culturas e interagir com diferentes costumes e modos de vida. O jornalismo também forneceu a ela uma maneira de relatar desafios e erros no mundo, especialmente na educação. O campo da educação sempre a interessou, provavelmente por influência de sua mãe, professora de escola pública. Além da influência dos pais, os dez anos em que trabalhou no Centro de Estudos em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) também a afetaram profundamente. Lá, ela teve a chance de construir e coordenar a Educarede. Criada em 2001, a Educarede é fruto de uma parceria entre o CENPEC, a Fundação Telefônica e a Fundação Vanzolini. Serviu como o primeiro portal do Brasil para conteúdo educacional gratuito. Até 2010, a Educarede oferecia os mais diversos projetos baseados no uso inovador das tecnologias digitais, dando a Priscila a chance de experimentar organicamente novas abordagens de aprendizagem, como o open source. Enquanto participava de fóruns, ela passou a entender formalmente o conceito de recursos educacionais abertos, embora já lidasse com eles há anos. Saindo da Educarede e buscando concentrar suas energias principalmente em projetos de cultura digital para a educação, Priscila criou a Educadigital em 2010. Ela queria ampliar públicos, parceiros e possibilidades de contribuir para a criação e desenvolvimento de novas oportunidades de aprendizagem que incentivem a formação de cidadãos criativos compartilhando informações , conhecimento e cultura em uma sociedade em constante transformação.

A Nova Idéia

Priscila está trabalhando para transformar o sistema pelo qual os materiais educacionais e os treinamentos chegam aos professores e alunos do maciço sistema de educação pública do Brasil. Ela espera melhorar a qualidade e a relevância dos materiais curriculares e do treinamento de professores para aumentar os resultados educacionais em um sistema atormentado por baixo desempenho crônico e uma autoridade nacional inflexível de compra de livros didáticos. Priscila usa uma estratégia dupla para influenciar e conseguir mudanças nas políticas nos níveis nacional, estadual e local. Ela busca mudar o ambiente regulatório a fim de promover os Recursos Educacionais Abertos como uma alternativa baseada em conteúdo para personalizar e adaptar informações educacionais para alunos em todo o Brasil. Em segundo lugar, Priscila está construindo colaboração entre os principais departamentos e ministérios da educação para desenvolver novos sistemas de treinamento. Isso inclui novos cursos para facilitar a compreensão do material do assunto e também para promover uma mudança de mentalidade entre os professores (ou seja, e, por extensão, os alunos) para se tornarem criadores e disseminadores de conteúdo educacional. Dessa forma, ela visa criar uma experiência educacional revigorante e dinâmica para os alunos brasileiros.

O problema

Durante anos, o sistema de ensino público brasileiro foi alvo de intensas críticas. Os problemas geralmente começam fora da sala de aula, no nível burocrático. Em 2012, o governo brasileiro alocou ao Ministério da Educação o maior orçamento de sua história: aproximadamente US $ 43,5 bilhões, o equivalente a 1,97% do PIB total do país. Há dez anos, o Brasil gastava menos da metade do orçamento atual com educação, embora dotações maiores não tenham levado a resultados positivos. Em 2012, o Brasil ficou em 88º lugar entre 127 nações no Índice de Desenvolvimento da UNESCO de Educação para Todos. Especialistas concordam que o Brasil acordou muito tarde para seus graves problemas educacionais, principalmente em relação a outros países com menos recursos, mas, sobretudo, o uso ineficiente desse orçamento exorbitante parece ser o fator mais importante. O Programa Nacional de Livros Didáticos oficial, por exemplo, perdendo apenas para o tamanho da China, gastou aproximadamente $ 740 milhões de dólares em 2012 para produzir materiais pedagógicos para crianças, substituir os materiais de sala de aula pelas demais séries do ensino fundamental e médio e comprar livros da biblioteca. Um único programa do governo federal, porém, não é o mecanismo apropriado para adquirir materiais para educar um país tão vasto e diverso como o Brasil. Produzidos no Rio de Janeiro e em São Paulo, os livros didáticos emitidos pelo governo mantêm uma perspectiva urbana sobre informações consideradas interessantes e aplicáveis principalmente às pessoas que vivem nos centros urbanos do país. Os alunos de áreas rurais raramente se relacionam com os materiais de ensino que lhes são apresentados, distanciando-os, assim, do processo de aprendizagem e tornando mais difícil para os professores envolvê-los. A produção de livros didáticos no Brasil, porém, permaneceu estática por décadas, atendendo principalmente a grandes editoras que produzem milhões de livros para o programa, sem levar em conta a especificidade regional ou as mudanças nas necessidades de estilo de vida. Na verdade, quando a Pearson Education Inc., empresa líder mundial em aprendizado, avaliou 39 países com base na qualidade dos materiais e serviços educacionais fornecidos aos seus alunos, o Brasil ficou em penúltimo lugar. Outra questão fundamental que afeta a educação brasileira é a distância entre a política educacional e os professores. Nos últimos vinte anos, o governo procurou empregar computadores e ferramentas baseadas em TI para a sala de aula, como o projeto piloto lançado em 2010 - Um Computador por Projeto de Aluno - para distribuir 150.000 laptops a alunos em 300 escolas. Além disso, no início de 2012, o ministério anunciou que gastaria aproximadamente US $ 90 milhões no fornecimento de 600.000 tablets para professores do ensino médio público brasileiro. Porém, apenas gastar dinheiro extra em um novo hardware não melhorou a experiência educacional, e o programa ProUCA deixou de oferecer treinamento e sensibilização de professores sobre o uso dos novos tablets, de modo que os produtos não foram empregados em todo o seu potencial. Em um colóquio internacional sobre educação e tecnologia, uma análise histórica do uso das TIC na educação mostrou que professores e formuladores de políticas raramente colaboram na redação de políticas públicas. Educar na era digital não significa simplesmente substituir dispositivos analógicos por dispositivos de alta tecnologia; os professores precisam estar preparados para usar a tecnologia a fim de desenhar novos métodos de ensino em sintonia com a sociedade contemporânea. Mozart Neves Ramos, presidente do movimento Educação para Todos, defende a educação de alta qualidade e descreve a educação no Brasil como sendo repleta de escolas do século 19 com professores do século 20 tentando ensinar alunos no século 21. Para trazer todos os elementos para a sociedade atual, o Brasil deve formar professores para que se sintam preparados para usar, compartilhar e produzir recursos educacionais a partir de um novo modelo que faz uma gestão diferenciada dos direitos autorais e busca parcerias que façam isso de forma cooperativa.

A Estratégia

Priscila lançou o Educadigital após dez anos liderando um programa que desenvolveu a maior plataforma educacional online do Brasil, o Educared. Ela reconheceu que, a fim de libertar professores e alunos da dependência de um sistema centralizado e amplamente estático, fornecendo materiais de instrução que não atendiam às necessidades dos alunos e professores do Brasil, ela precisaria envolver diversas coalizões para mudar o pensamento e as práticas de uma comunidade extraordinariamente gama diversificada de atores educacionais, de editoras privadas a órgãos de educação locais, estaduais e nacionais, de professores e treinadores a agentes de compra de livros didáticos. O trabalho de Priscila é auxiliado pelo entendimento público de que o sistema educacional de ensino fundamental e médio do Brasil está falhando (em contraste com o sistema universitário público brasileiro, que é altamente considerado e mais bem financiado), e a crescente percepção de que o investimento significativo do Brasil em tecnologia nas salas de aula não valeu a pena . Nesse ambiente, a Educadigital tem conseguido trabalhar em colaboração com órgãos de pesquisa universitários, fundações, professores e organizações de professores e aliados do governo que buscam melhorar a educação da juventude brasileira. Priscila visa transformar dois sistemas subsidiários dentro do estabelecimento educacional: (i) a formação e engajamento de professores (e das instituições que os apoiam) para que eles valorizem e expandam seu papel como produtores de conteúdo educacional adaptado às necessidades do população estudantil diversa e (ii) mudança nas políticas, práticas e procedimentos das autoridades e atores educacionais regionais e nacionais com relação à aquisição e distribuição de materiais educacionais. Este último sistema é composto por uma gama desconcertante de atores de editoras, representantes eleitos em comitês legislativos importantes, bem como vários departamentos nos ministérios federal e estadual de educação e tecnologia. Mantendo sua filosofia centrada no professor e no aluno, Priscila desenvolveu uma metodologia que treina professores a usar recursos educacionais de código aberto em sala de aula com base em três valores básicos: empatia, colaboração e experimentação. Empatia no contexto da formação da Educadigital é o exercício de se colocar no lugar do professor para entender os desafios e as oportunidades da educação em uma cultura digital. A colaboração é centrada na livre troca de idéias e experiências e no potencial colaborativo representado pela Internet. Finalmente, a experimentação significa deixar o grupo planejar seus próprios objetivos para o curso online que irão iniciar. Por meio desse processo, o trainee imagina o que vai aprender, identifica suas principais dúvidas e prováveis obstáculos e antecipa como provavelmente os resolverá. Quando o curso termina, os participantes se reúnem para compartilhar o que aprenderam, suas novas ideias sobre materiais educacionais e seu conhecimento acumulado, antes de divulgar essas ideias a outras pessoas. Uma das premissas mais básicas do trabalho de Priscila está relacionada à "alfabetização digital" de um professor - sua proficiência e familiaridade com a Internet. Isso inclui treinar professores para conduzir pesquisas e colaborar online e, assim que começarem a produzir materiais, aprender sobre as responsabilidades e direitos que lhes são devidos como autores de conteúdo. Priscila acredita que professores e alunos precisam aprender habilidades mais amplas e abrangentes para a Internet, essenciais para a pesquisa e a produção de qualquer conteúdo, ao invés de aprender apenas determinados assuntos específicos. Como o público usa a Internet fora da sala de aula, ela espera poder trazer esse conhecimento para ela, adaptando sua experiência à aquisição e disseminação de conhecimento. Para estender a profundidade e alcançar essa mudança de perspectiva e prática para professores de todo o Brasil, Priscila busca estabelecer parcerias com órgãos públicos de educação. Ela já trabalha com os Centros de Tecnologia e Educação nos níveis estadual e municipal. Ao inserir o conceito de educadores como produtores, e não apenas consumidores, de conteúdo nos projetos políticos pedagógicos existentes, ela acredita que os educadores se tornarão agentes de mudança e aumento de impacto. Para mudar a política nacional, Priscila está trabalhando para mudar a legislação em diferentes níveis governamentais, enquanto também trabalha dentro do sistema existente para criar projetos de demonstração permitidos pela lei atual que introduzam e demonstrem novos conceitos extraídos do que é conhecido como movimento de recursos educacionais abertos. No nível municipal, ela defende que todo conhecimento produzido ou adquirido pela administração permaneça como um recurso educacional aberto, que pode ser acessado, reutilizado e adaptado por terceiros. O objetivo aqui é garantir que professores, administradores e alunos sejam capazes de adaptar materiais instrucionais e recursos educacionais para atender às necessidades de seu próprio ambiente - em suma, para se afastar do modelo atual de tamanho único que domina o Brasil recursos educacionais. No nível estadual, Priscila defende uma legislação semelhante, que tornaria todos os produtos e pesquisas produzidos nas universidades estaduais disponíveis da mesma forma. Ela faz isso servindo como um recurso, não apenas uma defensora. Priscila oferece seminários e conselhos para funcionários do governo que buscam aprender mais sobre as implicações de um novo modelo de publicação e como isso pode impactar o ambiente da sala de aula. Ao abordar os possíveis argumentos contra um sistema mais aberto, Priscila e seus aliados no movimento argumentaram que, por se tratar de um conhecimento pago pelos contribuintes de São Paulo, os cidadãos deveriam ter acesso a formas adaptáveis das informações produzidas. Como recursos da cidade e do estado, eles devem servir professores e alunos de maneiras dinâmicas, como recursos de ensino criativos, em vez de textos estáticos e imutáveis. Em nível nacional, Priscila trabalha diretamente com a Comissão Parlamentar de Educação e com o Ministério da Educação. Ela deseja que todos entendam as vantagens de mudar as leis de propriedade intelectual para manter os recursos educacionais diários abertos para revisões de professores e alunos. Priscila ajudou a introduzir legislação que afetaria diretamente o processo de compras governamentais para a compra de livros didáticos. Priscila também está respondendo a pedidos de realização de workshops para técnicos do ministério sobre recursos educacionais de código aberto. Um grupo específico que lida com a compra de recursos digitais quer entender as vantagens da utilização de materiais didáticos que podem ser editados em sala de aula por professores e alunos para que eles possam começar a alterar licitações para compra de livros didáticos. Embora Priscila trabalhe em colaboração com o sistema atual para ajudar as autoridades a redesenhar os sistemas de aquisição, isso também deve ajudar no esforço mais amplo para promover a reescrita das leis federais de direitos autorais, tornando assim todos os recursos educacionais comprados pelo governo gratuitos e abertos. Em outro projeto que busca demonstrar a viabilidade do modelo de recursos educacionais abertos, Priscila e seu cofundador na Educadigital produziram uma cartilha de alfabetização por meio de uma editora brasileira que será o primeiro livro didático de código aberto usado pelo Ministério da Educação do Brasil. No livro, todas as ilustrações são recursos abertos, para os quais negociaram a licença de direitos de propriedade intelectual mais aberta. Eles deixaram o livro completamente aberto para edições, revisões e uso por professores e alunos de acordo com suas necessidades. Priscila submeteu seu livro ao Ministério da Educação para aprovação na próxima rodada de licitações de livros didáticos para mostrar às editoras e ao governo como a publicação de livros didáticos é benéfica para todas as partes interessadas e pode ser lucrativa. Priscila entende que deve envolver e alistar pelo menos alguns segmentos da indústria editorial. Ela participa de conferências do setor para interagir com especialistas em publicações e responde regularmente a perguntas de representantes do setor. Priscila está em contato direto com editoras para mostrar aos editores locais novos modelos de negócios na era da publicação de código aberto, com exemplos derivados de gigantes editoriais como a Pearson. Ela quer mostrar aos editores que os recursos educacionais de código aberto não são uma questão de “perder” a propriedade intelectual, mas, sim, uma opção de licenciamento alternativa e mais flexível. Educadigital destaca modelos alternativos apoiados por organizações como Creative Commons, que pode fornecer vários estágios de acordos de direitos autorais prontos de acordo com o que os autores e editores se sentem mais confortáveis, do mais aberto aos contratos mais restritivos.

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