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Sylvio José de Oliveira
BrasilAshoka Fellow desde 1992

Ashoka comemora e celebra a vida e o trabalho deste Ashoka Fellow falecido.

Sylvio José de Oliveira criou um programa independente e voluntário no sistema prisional do estado do Rio de Janeiro, destinado a evitar que a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis se espalhem entre os presidiários e através deles. O foco deste programa é fornecer informações sobre saúde e higiene e, ao mesmo tempo, aumentar a autoestima individual. O projeto de Sylvio está sendo implantado em treze das dezesseis prisões do Rio de Janeiro.

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A Pessoa

Sylvio cresceu no Rio de Janeiro, demonstrando desde cedo qualidades de liderança e preocupação com os moradores pobres da cidade ao organizar colegas de ensino médio para trabalhar em uma favela. Depois de terminar seus estudos, Sylvio tornou-se escritor e artista, sustentando-se trabalhando com crianças deficientes, usando suas habilidades linguísticas e tocando música profissionalmente. Ele escreveu dois livros, fundou seu próprio pequeno jornal e esteve envolvido em vários seminários e conferências sobre questões de saúde e AIDS.

A Nova Idéia

Enquanto trabalhava por quatro anos no notório sistema prisional do Rio ensinando música, teatro e arte, Sylvio viu como os prisioneiros perderam rapidamente o senso de autoestima e estima. O interesse de Sylvio na prevenção da AIDS surgiu depois que um amigo próximo morreu de AIDS. Sylvio esteve com o amigo desde o diagnóstico até sua morte, e viu como o portador de AIDS se tornou prisioneiro da doença. Ele viu seu amigo ser discriminado e cortado. Ficou sabendo que poucos recursos estavam disponíveis para tratá-lo e a outros pacientes com AIDS. "A AIDS é diferente. Não da perspectiva da morte, mas da condenação pela sociedade", diz Sylvio. Um paciente de AIDS morre uma "morte social" porque a sociedade não hesita em condenar a pessoa soropositiva. “Uma pessoa que é HIV positiva e um presidiário têm muito em comum”, diz Sylvio. “Um diagnóstico e uma condenação; um isolamento e uma solidão forçada; a esperança de cura e a esperança de liberdade. Mas, além de tudo isso, essas duas pessoas já são consideradas mortas pela sociedade.” Das duas experiências, Projeto Projeto Tereza foi criada. Seu objetivo mais urgente é levar aos presos informações sobre a transmissão da AIDS e ajudar na prevenção da doença e de outras doenças sexualmente transmissíveis (DST). Ao fazer com que os presos se preocupem com a AIDS, as DSTs e sua saúde, Sylvio está fazendo com que eles se preocupem consigo mesmos como seres humanos. O programa se chama Projeto Tereza porque em português tereza é o termo para corda improvisada - feita de toalhas e cama lençóis - usados para reduzir uma prisão para escapar. O projeto Tereza oferece uma espécie de corda ou tábua de salvação para escapar do isolamento e do desespero da vida na prisão, ao mesmo tempo em que controla uma doença mortal. Normalmente, o único meio de obter apoio ou orientação para os presos é por meio dos pastores da prisão, e Sylvio descobriu que a maioria dos presos não estava interessada em aconselhamento religioso. O projeto Tereza oferece uma alternativa, em que o educador é mais do que alguém com quem conversar sobre aids. O contato do trabalhador do projeto com os presos ocorre semanalmente e individualmente, criando assim uma "amizade alternativa". Os trabalhadores do projeto conquistam a confiança dos internos por estarem em terreno neutro, sem vínculos com nenhum grupo religioso ou político.

O problema

No Brasil, a rápida disseminação da AIDS e DST no sistema prisional é um problema grave. Um relatório de 1989 da organização de direitos humanos Americas Watch disse que em algumas prisões de quinze a vinte por cento dos presos estão infectados com o vírus da AIDS. Embora a AIDS seja uma ameaça em todo o Brasil, tratá-la é ainda mais difícil em prisões que não dispõem de instalações básicas de higiene e saúde. De acordo com o relatório do Americas Watch, as condições carcerárias no Brasil estão entre as piores do mundo. Os presos costumam ficar amontoados em celas pequenas e sujas, projetadas para abrigar metade ou um terço do número de presos trancados lá dentro. As celas estão infestadas de ratos e baratas. Os guardas são conhecidos por torturar e espancar prisioneiros para obter confissões e, em alguns casos, realizar execuções em massa de presidiários, como foi o caso de um incêndio em uma prisão de 1992 no Rio de Janeiro que foi provocado por guardas. Os presos atacam e estupram uns aos outros e, às vezes, matam outros presos como forma de protesto contra as condições da prisão. Além disso, há falta de aconselhamento individual. De acordo com o Departamento Federal de Penitenciárias do Brasil, apenas quarenta por cento dos internos recebem visitas. Abandonados por amigos, família e sociedade, carecem de qualquer sentimento ou senso de autoestima e, portanto, não se importam com os cuidados de saúde e higiene básica.

A Estratégia

O Projeto Tereza de Sylvio se baseia no contato contínuo e individual com os presos para estabelecer uma relação com os presos, dando-lhes alguém de quem sabem que podem contar. Durante a consulta com os presos, o trabalhador do projeto responde a perguntas sobre AIDS e higiene e fala sobre sexo seguro. Se o recluso reclamar de uma possível DST, o trabalhador do projeto contacta o médico da prisão. O trabalhador espera que as informações que ele der aos presos sejam transmitidas oralmente a outros presos. Às vezes, o projeto confronta o assunto dos riscos de transmissão indireta do HIV. Por exemplo, um preso freqüentemente nega ter relações homossexuais, mas aceita preservativos para seus "filhos" ou "membros da família". Enquanto isso, para atingir públicos maiores, o trabalhador do projeto em cada prisão dá um discurso uma vez por mês para grupos de presidiários sobre sexo seguro e distribui preservativos. Sílvio espera alavancar ainda mais o impacto de seus trabalhadores com uma unidade móvel, que permitiria às suas equipes visite várias prisões por dia em vez de apenas uma; seria equipado com equipamentos de vídeo que facilitariam a apresentação de filmes educativos sobre aids e DST em todas as penitenciárias. Sylvio, cujo programa já está implantado na maioria das penitenciárias do estado do Rio de Janeiro, agora planeja estender seu modelo às demais. das prisões do Brasil. Para tanto, já foi convidado pela secretaria de saúde de São Paulo para iniciar o programa por lá. Ele está começando a receber pedidos de informações sobre como funciona o projeto de todo o Brasil e até de líderes da AIDS em Amsterdã.