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Beatriz Cardoso está garantindo que todas as crianças, dentro e fora da escola, tenham direito ao desenvolvimento cognitivo na primeira infância. Por meio de uma nova forma de pesquisar, projetar e fornecer ferramentas de aprendizagem, Bia está equipando adultos para apoiar continuamente a aprendizagem inicial das crianças nas interações diárias.
Desde cedo, Bia se interessou pela educação, principalmente pelos processos de alfabetização e aquisição da linguagem. Em 1997, ela fundou o CEDAC (Comunidade Educacional), que se tornou uma das maiores ONGs em educação no Brasil e tem forte influência política em todo o país. Durante sua passagem pelo CEDAC, Bia construiu diversas parcerias com o setor privado que geraram intercâmbios e aprendizados de ambos os lados. No entanto, nos últimos anos, o setor cidadão no Brasil passou por uma grande transformação e a visão comercial dos doadores passou a exercer grande influência no trabalho do setor cidadão. As concessões tornaram-se cada vez mais voltadas para melhorar a imagem da marca e as vendas, em vez dos problemas reais que precisavam de solução. Desiludida com essa dinâmica, Bia deixou a organização que havia criado e presidiu por 15 anos. No entanto, em vez de se aposentar, Bia criou uma nova organização do zero - o Laboratório de Educação. A trajetória de Bia sempre foi fortemente influenciada pelos modelos e especialistas que ela procurou ou com quem cresceu. Seus pais eram acadêmicos respeitados e lhe deram uma educação que enfatizava as ciências humanas e as causas sociais. Devido à influência de seus pais, ela foi criada em contato com atores-chave no contexto de agitação social e política do país, especialmente aqueles envolvidos com o processo democrático durante a transformação e consolidação política do Brasil. Por seu envolvimento com a democratização, o pai de Bia foi exilado e, como resultado, Bia e teve que mudar de país, escolas e culturas várias vezes. Mais tarde, seu pai entrou na política e, em 1995, tornou-se presidente do país. Sua mãe, por outro lado, foi uma pessoa fundamental na estruturação do setor cidadão no Brasil. Ela criou diversos projetos sociais com o apoio do governo federal, sendo um deles o "Comunidade Solidária", com foco no fortalecimento da sociedade civil. Movida pela curiosidade intelectual, Bia foi à Espanha estudar com a professora Ana Teberosky, especialista na aquisição da linguagem escrita. Mesmo sem conhecê-la, Bia pediu para acompanhar seu trabalho, tornou-se sua aluna, e hoje são amigas e colegas e escreveram um livro juntas. Além desses contatos com especialistas em educação, Bia construiu outras pontes relevantes com a mídia, o público e o setor acadêmico. Exemplos são a parceria com a TV Futura, na qual viajou pelo mundo registrando as melhores experiências de aprendizado, e a Harvard Advanced Leadership Initiative, onde teve a oportunidade de trocar e compartilhar experiências com empreendedores sociais de diferentes cantos do mundo.
Beatriz Cardoso está revolucionando a abordagem da aprendizagem na primeira infância no Brasil. Reconhecendo que as soluções devem ser embasadas em pesquisas e testes para serem realmente eficazes, Bia criou o Laboratório de Educação, uma organização com ênfase em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para conectar o trabalho acadêmico à prática educacional. Ao contrário de muitas organizações do setor que veem a educação apenas como um produto, o Laboratório de Educação desenvolve materiais e ferramentas para a educação infantil com base em percepções das áreas de psicologia cognitiva, linguística e pedagogia. Toda criança aprende o tempo todo e, portanto, todo adulto educa o tempo todo. A visão de Bia é conscientizar os adultos sobre o processo de aprendizagem das crianças e capacitá-los para influenciá-lo, garantindo que todas as crianças tenham oportunidades iguais de aprender. Bia vê a interação das crianças com pais, professores e outros educadores em potencial como a melhor maneira de realizar essa mudança. Assim, o material que Bia desenvolve traduz-se em ferramentas de comunicação para todos os adultos que interagem com as crianças, dando-lhes meios para serem protagonistas e mediadores da aprendizagem infantil. Para essas ferramentas, o Education Lab se concentra no desenvolvimento da linguagem como o fio condutor de cada um de seus projetos, pois é a chave para o aprendizado contínuo ao longo da vida de uma criança. Enquanto muitas organizações do setor cidadão (OSCs) tentam realmente implementar modelos de educação, a estratégia do Education Lab não é operar um modelo educacional, mas produzir soluções de qualidade que são implementadas por outros e servir como um modelo para outras OSCs com seu foco em R & amp; D. O uso de tecnologia em muitas de suas soluções é fundamental para expandir seu alcance por um custo baixo. As soluções também foram projetadas para serem acessíveis a adultos em todos os níveis de escolaridade. Parcerias com entidades públicas e centros de formação de professores também são importantes para dimensionar as soluções do Education Lab. Como provou a experiência anterior de Bia na liderança no setor da educação, se uma solução abordar uma lacuna no sistema público, ela pode ser adotada e dimensionada pelo setor público.
No Brasil, apenas 26% da população de 15 a 65 anos atinge a alfabetização plena. Apenas um terço dos jovens e adultos brasileiros tem a capacidade de ler e compreender textos, fazer inferências e relações entre texto e realidade e comunicar-se com eficácia em diferentes situações. Essas informações são alarmantes, principalmente porque a alfabetização não é um fim em si mesma, mas um elemento fundamental de toda a educação. A relação que uma criança desenvolve com a linguagem impacta sua relação com o aprendizado ao longo da vida. Além de seus déficits no ensino de habilidades adequadas de leitura e escrita, o sistema público brasileiro tem um problema maior: ainda não é capaz de garantir que as crianças desenvolvam suas capacidades cognitivas de uma forma que impacte sua aprendizagem como um todo, dentro e fora da escola. Embora ler e escrever sejam ferramentas de aprendizagem, o desenvolvimento cognitivo estabelece a habilidade mais importante: a capacidade de aprender. A primeira infância é um momento crítico para o aprendizado humano. É nessa idade que a arquitetura do cérebro de uma criança desenvolve e constrói conexões entre os neurônios. Um bebê estabelece, em média, 700 dessas conexões, ou sinapses, por segundo. Após esse período de rápido crescimento, ocorre um platô e, em seguida, declínio do desenvolvimento das sinapses; uma criança de 12 meses tem o dobro da densidade de sinapses de um adulto. Portanto, embora a falta de estimulação durante esse período de rápido crescimento não impeça a formação de sinapses, há evidências de que isso as tornará mais fortes e impedirá que se deteriorem até a idade adulta. A primeira infância é, portanto, um momento chave para dar oportunidades iguais a todas as crianças. Quando a criança completa 18 meses, as disparidades no vocabulário e no processamento da linguagem para crianças em diferentes situações socioeconômicas já são aparentes. Embora as evidências científicas reforcem a importância de investir no desenvolvimento cognitivo das crianças, mais especialmente na primeira infância, os educadores raramente baseiam suas metodologias nesta pesquisa e o financiamento público não se concentra nesta faixa etária. O governo brasileiro, por exemplo, destina a maior parte de seus recursos para escolas de ensino médio e universidades, negligenciando a primeira infância. Em 2005, 120% do PIB per capita foi gasto com estudantes universitários, enquanto apenas 10% foi para pré-escolares. Há então a necessidade de mudar o foco e os recursos para o desenvolvimento infantil nestes primeiros anos de infância. No entanto, atualmente, o investimento no setor social no Brasil é fortemente determinado pela agenda do setor privado. Para receber financiamento, as organizações do setor cidadão são incentivadas a realizar projetos com impacto social mensurável quantitativamente, que muitas vezes prioriza a quantidade em vez da qualidade. Assim, grande parte das iniciativas no setor da educação se concentra em soluções parciais que têm impacto no curto prazo, mas não levam em consideração a complexidade do setor educacional e acabam não atendendo aos seus problemas estruturais, que impedem soluções de longo prazo. Além disso, por causa da insistência na execução e nos resultados imediatos, as organizações sociais não podem investir tempo e recursos em pesquisas extensas, mas pular direto para a implementação. E então, em vez de continuar recebendo feedback e melhorar essas iniciativas, elas tendem a ser tratadas como projetos experimentais e não escalonáveis de curta duração.
Com o objetivo de cimentar o processo de aquisição da língua como elemento básico de todo o aprendizado, Beatriz Cardoso fundou em 1997 o CEDAC (Comunidade Educacional), organização que liderou por 15 anos e que se tornou uma das maiores organizações cidadãs da educação no Brasil. O CEDAC criou nove programas de melhoria da educação em parceria com diversas empresas, que beneficiaram indiretamente 980 mil alunos de escolas públicas de diferentes estados. Um deles, o programa Escola que Vale, em parceria com a empresa Vale, foi reconhecido pela UNESCO como referência na formação de professores. Outro, o projeto Trilhas, em parceria com a Natura, desenvolveu materiais que o Ministério da Educação adotou como padrão para crianças de 6 a 8 anos e distribuiu para mais de 3.000 municípios. Bia foi presidente do CEDAC até 2012, quando os aprendizados dessa experiência a levaram a buscar novas soluções mais alinhadas aos seus ideais. Por isso, ela criou o Laboratório de Educação para trazer informações sofisticadas para as experiências educacionais diárias. Em um setor tão complexo como a educação, as transformações realmente eficazes e impactantes devem se basear em pesquisas de qualidade e também no processo de aprendizagem na prática. Com uma equipe multidisciplinar de acadêmicos e profissionais da educação, as iniciativas do Laboratório de Educação baseiam-se nas necessidades estruturais do sistema público e na pesquisa científica nas diferentes áreas da pedagogia, psicologia cognitiva e linguística - áreas que geralmente não interagem entre si dentro da academia. Bia e sua equipe desenvolvem soluções para tornar o conhecimento sofisticado cada vez mais aplicável, traduzindo-o em algo útil e prático. Nesse sentido, o esforço de reunir essas perspectivas distintas no design de materiais de baixo custo é extremamente inovador no setor educacional. Os materiais também abordam uma lacuna na falta de ferramentas disponíveis para ajudar os adultos a apoiar a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo das crianças. Embora seja de conhecimento geral que as crianças devem ser estimuladas desde cedo a desenvolver sua capacidade cognitiva, o sistema público brasileiro continua a produzir gerações de pessoas que não atingem seu potencial de aprendizagem. Como uma ferramenta para contornar esse sistema quebrado, Bia criou um programa chamado Learn Language como uma forma de adultos trabalharem com crianças pequenas por meio de pequenos estímulos diários. Esses estímulos são orientados para a aquisição da linguagem, que é essencial para o desenvolvimento da criança e para realmente compreender o que a rodeia. Por meio de quatro personagens que representam crianças de diferentes faixas etárias da primeira infância, a plataforma online Learn Language ilustra como o desenvolvimento da linguagem ocorre em situações cotidianas. A plataforma aborda questões que perpassam todas as idades: interação, fonética e fonologia, vocabulário, gramática e discurso, fornecendo explicações em diferentes níveis de complexidade. Essas explicações variam de explicações práticas e simples de oportunidades de desenvolvimento cotidiano da linguagem, a guias e estratégias para pais e educadores para melhor estimular o desenvolvimento das crianças, a evidências científicas e pesquisas acadêmicas que oferecem uma explicação mais aprofundada de cada etapa do desenvolvimento linguístico . Assim, a ideia é que o material seja acessível a todos os adultos, independentemente do seu nível de escolaridade. O material é estruturado a partir das perguntas e reflexões que os adultos costumam expressar ao interagir com as crianças e seus erros de linguagem. Uma das contribuições da plataforma é apontar que mesmo os erros cometidos por uma criança são lógicos, pois existe um processo cognitivo por trás deles. Com base no princípio de que não há um único ator responsável pela educação de uma criança, a ferramenta deve ser apropriada para pais, professores e qualquer outro educador. Bia reconhece a necessidade de uma estrutura pública que dê suporte ao seu trabalho. Assim, por meio de uma parceria com a Prefeitura de São Paulo, a plataforma será implantada na formação de educadores em creches e pré-escolas de toda a cidade. Além disso, por meio dessa parceria, a Learn Language estará aberta a avaliações, testes e feedback para seu aprimoramento contínuo. Além de ferramentas, como o Aprenda Linguagem, para ajudar os adultos a criar um ambiente ideal de aprendizagem na primeira infância, Bia também oferece aos educadores ferramentas para trabalhar o desenvolvimento cognitivo em todas as fases, até os 10 anos de idade. Aprender Linguagem é a plataforma utilizada nos primeiros anos de vida, desenvolvendo a capacidade cognitiva das crianças por meio de pequenos estímulos diários. Da idade escolar em diante, os materiais fornecidos aos educadores enfocam o desenvolvimento da capacidade intelectual da criança de várias maneiras por meio de interações mais intensas com a linguagem. Ao contrário de outras organizações do setor social, a estratégia do Education Lab não é operar modelos educacionais, mas produzir soluções de qualidade que são operadas por terceiros e, portanto, dimensionadas. Bia tem diferentes estratégias para ampliar o acesso aos seus materiais em âmbito nacional. Em primeiro lugar, como comprovado por seus sucessos com o CEDAC, uma solução cientificamente fundamentada que atenda a uma necessidade pública estrutural será naturalmente dimensionada à medida que for adotada por órgãos públicos. Como muitas das soluções e ferramentas são baseadas em computador ou na web, a simplicidade da tecnologia permite um dimensionamento maior do impacto. Bia também pretende incorporar as ferramentas e soluções aos programas de rádio, tornando-os acessíveis até mesmo para quem não tem acesso à internet. Sabendo que uma boa solução precisa de tempo e experimentação, Bia desenhou um processo contínuo de pesquisa, inovação e teste das soluções criadas pelo Laboratório Educacional. Todos os materiais produzidos pelo Laboratório são baseados nesse processo, que se inicia com a sistematização do conhecimento científico multidisciplinar disponível. Além de estudar as pesquisas disponíveis, são realizados pré-testes e grupos de foco para entender o contexto e a experiência do usuário. Em seguida, as ferramentas e materiais de aprendizagem apropriados são projetados e redesenhados. Em seguida, essas soluções são testadas e passam por um processo de feedback contínuo para que sua qualidade seja sempre aprimorada. Desta forma, o Laboratório de Educação faz a ponte entre mundos que não se comunicam: academia, escola, setor social e sociedade. Como um think-action-tank, o Bia visa alimentar continuamente o setor social com insumos eficientes e atualizados para transformar a aprendizagem e, mais do que isso, impactar o setor cidadão como um todo, apresentando uma nova dinâmica de financiamento e operação. Sua estratégia visa garantir que todas as crianças, dentro e fora da escola, tenham o direito ao desenvolvimento cognitivo por meio da aprendizagem.