João Roberto Cilento Winther
BrasilAshoka Fellow desde 1988

João Winther pretende dar aos pescadores que vivem no vasto litoral brasileiro proteção legal preventiva para que possam defender o uso continuado da orla marítima.

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A Pessoa

João Winther é um jovem advogado de São Paulo com grande atuação na área de direito do serviço público, especialmente em questões fundiárias. Como estudante, ele trabalhou como voluntário nas prisões, construindo um programa que continua sob um memorando formal de entendimento entre a universidade e as prisões até hoje.

A Nova Idéia

A ideia é simples: tudo o que os pescadores ou povos indígenas precisam para impedir uma "tomada rápida" de suas terras costeiras é um documento legal que declara sua reivindicação de uso da terra. O simples fato de iniciar o processo de solicitação para que o uso da orla marítima seja reconhecido impedirá que qualquer outra pessoa obtenha os direitos de uso facilmente. Qualquer nova solicitação será estudada, levando-se em consideração a reivindicação anterior - assim, pelo menos dando tempo para a comunidade se preparar. João Winther planeja fornecer o material básico para a solicitação e qualquer defesa legal. Ele quer trabalhar com os pescadores, em suas palavras, "fazendo um desenho" de suas comunidades. Esta imagem começará com o mapeamento da localidade (identificando as casas, os edifícios da comunidade, os locais onde os barcos estão ancorados, etc ...). Incluirá a história da comunidade e o uso da terra. Ele também fará um breve perfil socioeconômico da população. A imagem final será de propriedade de cada comunidade para usar como achar melhor. Além de utilizar o material para arquivo de reconhecimento dos usos tradicionais do solo, este mapa comunitário ajudará as comunidades ribeirinhas a planejarem seu desenvolvimento e a solicitarem ajuda. Pode haver tanto valor no processo quanto nos resultados. Ele enfoca as comunidades em uma questão importante e concreta com resultados claros de curto prazo. O processo de coleta e mapeamento das estatísticas vitais da comunidade e do padrão de uso da terra deve encorajar a análise do passado e o planejamento para o futuro. A série circundante de discussões, reuniões e palestras deve elevar a consciência das pessoas e, com sorte, estimulá-las a começar a pensar sobre alguns dos principais problemas que enfrentam à luz dos fatos trazidos ao foco pelo mapa.

O problema

De acordo com a legislação brasileira, a faixa de 100 pés de terreno costeiro (acima da maré alta) chamada Terras da Marinha faz parte do patrimônio do país. Ao contrário de outras terras da união, não pode ser vendida pelo governo. Aparentemente uma extensão do antigo princípio da lei romana de que as áreas das marés são mantidas sob custódia do público, a tutela do governo sobre esse patrimônio dá a João uma ferramenta potencialmente muito poderosa. Se ele puder encorajar seu desenvolvimento, essa doutrina de confiança poderia, como fez em outros lugares, dar nova proteção importante para as pessoas costeiras e o ambiente à beira-mar. A extensa costa brasileira é pontuada por pequenas vilas de pescadores que subsistem da pesca comercial de pequena escala. A maioria dessas famílias de pescadores (uma mistura de portugueses, negros, franceses, holandeses e índios nativos) vive e pescam nessas áreas há mais de um século. Eles não têm, entretanto, nenhum título ou instrumento legal declarando seu direito de uso desta terra. Nos últimos anos, a especulação imobiliária e o desenvolvimento para habitação, turismo ou indústria pegaram muitas dessas comunidades despreparadas e incapazes de defender seu uso tradicional da costa. Em um caso, uma empresa química recebeu a concessão de uso de uma grande extensão de terra costeira apenas 14 dias após ter iniciado o processo legal solicitando o uso da terra. Mais tarde, a poluição desta empresa destruiu não apenas a subsistência dos pescadores que sua fábrica havia despojado, mas também os das aldeias vizinhas. Essas aldeias costeiras sofrem alto analfabetismo, geralmente carecem de documentação comunitária ou individual mínima (por exemplo, certidões de nascimento) e muitas vezes são bastante isoladas. No entanto, eles geralmente têm uma tradição de organização informal. O poder da questão fundiária dá-lhe o potencial, pelo menos em alguns casos, para fortalecer a organização comunitária e construir.

A Estratégia

A abordagem de João é preventiva; ele quer evitar problemas, preparar essas comunidades para se cuidarem. João quer eventualmente trabalhar com comunidades ao longo de toda a costa brasileira, mas começará com comunidades piloto nos estados de São Paulo e Pará. Ele já desenvolveu contatos nessas comunidades e com associações de pescadores mais amplas e grupos ambientalistas interessados que ele espera darão apoio e acompanhamento. Assim que as comunidades tiverem seu processo legal iniciado, elas serão usadas como casos-modelo ao entrar em contato com outros líderes comunitários.