Mireya Toto
MéxicoAshoka Fellow desde 1988

Advogada feminista de renome, Mireya quer fazer da lei uma ferramenta para a mudança social nas mãos de grupos de mulheres de base.

#Feminismo#Simone de Beauvoir#Lei#Direitos das mulheres#México#Sociologia#Direitos humanos#prémio Nobel da Paz

A Pessoa

Advogado de Veracruz, Gutierrez foi escolhido em 1969 entre um grupo de 300 candidatos mexicanos para concluir o doutorado em direito na Universidade de Montpelier, na França. Lá, ela estudou direitos humanos com Rene Cassan, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1968, e juntou-se às feministas francesas que estavam organizando o Tribunal Internacional de Crimes Contra Mulheres sob Simone de Beauvoir. Retornando ao México em 1976, Gutierrez tornou-se professora e pesquisadora na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e co-fundou um grupo chamado "Coalicion de Mujeres Feministas" que coordenava grupos preocupados com os direitos das mulheres. Membro da Academia Mexicana de Direitos Humanos, Gutierrez é coautor de um "anteproyecto de ley" sobre maternidade voluntária. Ela foi responsável por uma mudança na lei no que diz respeito à gravidade e extensão da pena aplicada aos estupradores.

A Nova Idéia

Nos últimos cinco anos, o movimento popular (movimento popular) de grupos de base no México cresceu substancialmente, especialmente após o terremoto. O grande número de grupos, embora muitas vezes em diferentes estágios de desenvolvimento, compartilha muitas características comuns - incluindo a falta de conhecimento jurídico e, consequentemente, a incapacidade de usar a lei como um instrumento de mudança social. Mireya Toto Gutierrez deseja ajudar esses grupos, especialmente os grupos de mulheres, para compreender e usar a lei em seu benefício. Ela começa oferecendo cursos de alfabetização jurídica para seus líderes e, em seguida, os ajuda a transmitir seus conhecimentos para seus grupos. Trabalhando com os líderes do grupo, Gutierrez normalmente discutirá casos concretos que afetam seus membros (por exemplo, estupro, aborto, mulheres espancadas, etc.) e continuará ajudando a planejar estratégias específicas de ação.

O problema

As mulheres têm sido tradicionalmente um segmento desprivilegiado da sociedade latina. Crimes contra mulheres, como estupro e espancamento, são muitas vezes tratados como assuntos pessoais ou familiares; muitas vezes, as vítimas são culpadas. O movimento feminista da década de 1970 mudou o pensamento, a ação e, às vezes, as leis na América Latina. No entanto, uma mudança mais profunda que permitirá que as mulheres de todas as classes alcancem a igualdade e o tratamento justo perante a lei apenas começou. Em 1984, Gutierrez foi responsável por uma mudança na lei mexicana, alongando a pena para estupradores e não permitindo que fossem libertados sob fiança. Foi uma grande vitória das feministas, mas não garantiu a aplicação da lei. Nas palavras de Gutierrez, "a maioria das mulheres ainda se sentia envergonhada e desprotegida e a maioria dos estupradores ficava livre para repetir seus crimes". O surgimento do movimento popular, muitas vezes liderado por mulheres e grupos de mulheres, proporcionou uma nova oportunidade para Gutierrez usar a lei em benefício das mulheres - desta vez, ela acredita, de forma mais eficaz e abrangente.

A Estratégia

O trabalho inicial de Gutierrez sobre questões femininas a tornou um recurso importante entre os grupos de mulheres de base. Movida pela demanda de sua assessoria e munida de sua experiência como ativista na França e no México, Gutierrez decidiu sistematizar os seminários e consultorias que vem ministrando com tanto sucesso. Os cursos de Gutierrez consistem em uma série de encontros onde os grupos: (1) identificam os problemas jurídicos mais importantes que afetam as mulheres; (2) analisar as atitudes e comportamentos sociais subjacentes a esses problemas e receber informações sobre a lei e sua possível aplicação; e, (3) desenvolver estratégias de ação e planos de trabalho para lidar com os problemas. O trabalho de Gutierrez ajudará milhares de mulheres a entender melhor a lei e, consequentemente, a serem capazes de se proteger e de serem mais eficazes na reivindicação de seus direitos. Isso dará ao movimento popular o uso de uma nova ferramenta poderosa, que havia sido rejeitada em uma era ideológica anterior. Como advogado, Gutierrez destaca com satisfação que o fim da alienação desses grupos de cidadãos da lei é quase tão importante para a sociedade quanto para eles. Gutierrez agora quer divulgar seu trabalho em escala nacional. Ela começará treinando a liderança em sua extensa rede de grupos de mulheres. Essa rede inclui organizações como a Coordenação Nacional do Movimento Popular Urbano (CONAMUPE), o Sindicato das Costureiras e grupos de mulheres em praticamente todos os estados do México.