Marta esteves de almeida Gil
BrasilAshoka Fellow desde 1989

Marta está montando um sistema de informação para deficientes físicos, mentais e sensoriais. O sistema vai coletar, produzir e divulgar informações importantes para esse segmento da população hoje negligenciado e, com esse serviço, Marta espera influenciar as políticas públicas, melhorando a qualidade de vida e a cidadania das populações com deficiência.

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A Pessoa

Marta, cujo pai é portador de deficiência física, cresceu observando-o levar uma vida normal, tanto em casa quanto no trabalho. & quot; Raramente senti sua limitação e aprendi a considerar sua deficiência algo natural. & quot; Socióloga de formação, o envolvimento posterior de Marta como voluntária em uma pesquisa sobre cegos e deficientes visuais a colocou em um caminho profissional com os deficientes. Posteriormente, em 1988, trabalhando com uma rede de comunicação em São Paulo que buscava investigar e disseminar soluções para todos os tipos de problemas enfrentados por comunidades e indivíduos, Marta percebeu a importância do processamento da informação e acrescentou essa dimensão ao seu trabalho com os deficientes.

A Nova Idéia

Marta planeja criar um sistema de informação que proporcione aos portadores de deficiência os serviços necessários e informações especializadas de difícil acesso. Também ajudará o Brasil a desenvolver o conhecimento necessário para compreender a extensão e a natureza das deficiências que afligem tantos de seus cidadãos - conhecimento importante tanto para formar políticas sensatas quanto, esperançosamente, para desafiar atitudes de longa data em relação aos deficientes. O Sistema de Documentação e Informação sobre Deficientes (SDID) prevê a difusão de informações sobre escolas para deficientes, instituições e publicações especializadas, questões jurídicas, formação profissional, oportunidades de trabalho e lazer, diagnóstico e atendimento médico. Marta planeja fazer uso de todas as fontes de informação possíveis, incluindo imprensa, universidades, instituições tecnológicas e pessoas físicas. Se um cego em São Paulo deseja aulas de natação, ele (ou uma assistente social) pode procurar essas oportunidades num piscar de olhos. Ou podem conhecer uma fábrica em construção no estado de Minas Gerais que integra trabalhadores com deficiência em todas as etapas da produção. Eles também podem acessar instruções passo a passo sobre terapia ou exercícios. Embora Marta se concentre inicialmente em algumas das áreas mais urgentes e amplamente necessárias, ela espera reunir e disponibilizar o máximo possível de informações relevantes. Além de ser um serviço valioso para os deficientes, reunir todos os muitos provedores e usuários díspares em uma rede provavelmente incentivará muitas colaborações que, de outra forma, não ocorreriam. Isso também trará um maior nível de organização entre essas pessoas há muito ignoradas.

O problema

A desnutrição generalizada, índices recordes de acidentes e assistência pré-natal inadequada contribuem para o crescimento da população brasileira de deficientes, hoje estimada em 14 milhões. Este número, entretanto, é uma estimativa grosseira: o último censo oficial sobre qualquer deficiência foi realizado em 1949. Apenas duas outras pesquisas governamentais sobre deficientes - ambas de escopo limitado - foram realizadas: uma pesquisou as características de portadores de deficiência que haviam sido internados no estado de São Paulo, e outro, realizado em regiões metropolitanas de todo o país, levantaram as características dos portadores de deficiência total por uma de apenas quatro deficiências (visual, auditiva, física e mental). Segundo Marta, esse desinteresse se deve em parte aos “valores culturais (de uma sociedade moderna) que enfatizam a eficiência e a beleza física”. Esses valores não apenas deixam a população com deficiência paralisada, incapaz de exercer a cidadania plena e gozar de direitos sociais específicos, mas permitem que a sociedade em geral ignore a responsabilidade que tem para com sua complexa totalidade.

A Estratégia

A ideia é começar com um núcleo de informação em São Paulo, de onde se desenvolverão outros centros em estados vizinhos até que haja uma rede nacional descentralizada. Nesta rede, cada componente atuará independentemente dos demais, mantendo seu vínculo com todo o sistema. Marta acredita que esse tipo de crescimento orgânico garante que cada componente manterá uma identificação com o meio que atende. Esse sistema multicêntrico também poderia se ajustar facilmente se o suporte para qualquer um dos centros diminuísse. No desenvolvimento do sistema, Marta investirá boa parte de seus esforços iniciais envolvendo o serviço existente e os grupos de usuários. Mas ela também projetará o sistema para atender ao público em geral.